Com a falência dos grandes estúdios paulistas, como a Vera Cruz, uma nova linha de filmes começa a ser produzido. O principal lema do Cinema Novo era “Uma ideia na cabeça, uma câmera na mão”. Assim, por volta da década de 60, iniciasse a produção de uma nova gama de filmes, que visava mostrar a situação social da época.
A intenção dos jovens cineastas caminhava na contramão dos grandiosos filmes, gravados com recursos caríssimos. O conceito baseava-se em produções contra a alienação cultural, ansiavam por produções baratas, verdadeiramente brasileiras, com cenários simples e sequências de cenas longas, como características.
Glauber Rocha foi um dos idealizadores desse novo ideário de fazer longa-metragem. Os filmes Deus e o Diabo na Terra do Sol e Vidas Secas mostram a vida no nordeste brasileiro e procuram denunciar as mazelas dessa região, como a vida dos trabalhadores rurais e a miséria.
A gravação é feita visando buscar o maior realismo possível. Em Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, o casal Manuel e Rosa buscam um pedaço de terra, com a venda de algumas cabeças de gado, que acabam morrendo no caminho para a cidade. Porém o gado era de um coronel, que por uma discussão, acaba morto por Manuel. O casal foge e no decorrer do longa, Manuel se junta a um grupo de revolucionários, que é liderado por Beato, um religioso.
O filme junta a miséria vivida na região nordeste, com a exploração dos grandes proprietários de terra e mostra o forte apelo religioso. Ele abordou características que o cinema novo pregava, principalmente na primeira fase, com grande criatividade estética e baixo custo.
Utiliza o recurso da câmera na mão, conseguindo aproximar o espectador do filme e utiliza a narrativa do filme desconexamente, destacando-a. Glauber alcança, assim, o destaque de suas obras através de atributos definidos pela arte do cinema novo, virando referencia dessa fase para as próximas décadas.
Já Vidas Secas é a adaptação de uma obra literária de Graciliano Ramos. Dirigido por Nelson Pereira dos Santos, conta a história de retirantes nordestinos. Com riqueza de detalhes, poucos diálogos e planos longos, uma família composta de quatro pessoas, Fabiano, Sinha Vitória, o menino mais velho, o menino mais novo, a cachorra Baleia e um papagaio, tentam fugir da seca e da miséria.
Peregrinos, a família busca pelo sertão, um lugar melhor para viver. Na adversidade, a família acha uma casa abandonada e se fixa nela. Em uma trama bem construída, narra-se à história da luta pela sobrevivência dessa família no meio hostil, mostrando a relação do ser humano com o ambiente.
O filme é inteiro em preto e branco, o espectador consegue sentir o filme, os personagens e o ambiente da seca, por existir um grande domínio dos objetos e dos meios de filmagem. A câmera está sempre seguindo os personagens de maneira oportuna e instigante.
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