“Eu sempre gostaria mais de ser o primeiro pintor das coisas comuns do que
um pintor de segundo plano da arte maior” (Velásquez)
Um feixe de luz atravessa o meio da sala e ilumina o objeto principal da pintura, realista, realizada por Diego Velásquez (1599-1660), pintor espanhol, o quadro chama-se “Las Meninas”. A Infanta Margarida é objeto central e está cercada por suas damas de companhia e por sua família, pertencentes ao rei Felipe IV. O reflexo do rei e rainha, Filipe e Mariana de Áustria, aparecem como reflexos em um espelho e o auto- retrato de Velásquez surge no canto esquerdo com um pincel na mão, 1/6 da pintura é tomada pelo pedaço do quadro que está sendo pintado. A representação inteira aparece pintada através de um reflexo.
Uma grande dança de luzes e sombras vagam sobre o quadro, pouca luminosidade e grandes feitos de perspectivas tornam o quadro intimista, apesar do seu grande tamanho (310 x 276 cm). A primeira vista, parece somente o retrato de uma família real, mas muito foi comentado sobre o quadro.
A interpretação barroca, como reação ao Maneirismo, movimento pós renascentista, serviu como objeto de análise de alguns pintores, como Luca Giordano e Édouard Manet, Francisco de Goya y Lucientes, e para pensadores, como o escritor José Ortega y Gasset e o filósofo Michel Foucault.
Foucault dedicou o primeiro capítulo do seu livro “A Palavra e as Coisas” para “Las Meninas”, quadro de Velásquez. Ele começa narrando a representação, que ao seu ver, parece ser o começo do ato de pintar. Detalha o modo e os gestos do pintor, que está desenhado na tela. A partir daí, começamos a tecer sentimentos, que são passados através das palavras de Foucault. “Entre a fina ponta do pincel e o gume do olhar, o espetáculo vai liberar seu volume” (pág. 03, FOUCAULT, Michel).
Traça uma linha de pensamento sobre o visível e o invisível, sobre a relação da visão do espectador sobre o pintor e sua tela e sobre a finalidade de ser apenas o representante da obra ou personagem, duas visibilidades incompatíveis para ele.
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