quinta-feira, 8 de setembro de 2011

De Chico Por Chico

              Uma, duas, três, ... Temos diversas razões para ouvir Chico Burque, desde sua história até suas poesias escritas e cantadas. Após cinco anos, lançou seu novo trabalho intitulado “Chico”, pela Biscoito Fino. Para esse novo e sutil CD tivemos, no site oficial, um acompanhamento dos trabalhos, pré-lançamento, compra do CD online; uma diversa gama de opções para acompanhar a nova trajetória do cantor.
            Sua caminhada foi vasta e suas contribuições centenas, entre canções, com diversas parcerias, músicas para cinema e teatro, composições literárias e diversos roteiros. Por isso, conhecemos diferentes Chicos, poeta, músico, compositor e intérprete.
            Francisco Buarque de Hollanda é filho de um historiador e iniciou sua carreira na década de 60. Participou dos festivais de música brasileira, ganhou com a música “A Banda” e na época da ditadura exilou-se na Itália. Quando retornou, em 70, estava mais crítico, lutou pela democratização do Brasil. Após esses diversos acontecimentos encontramos um Chico mais determinado, conseguimos ver em sua arte, crônicas, novelas, discursos políticos e letras de música, como a música “Uma carta em forma de música”, em que repreende a ditadura.
            Uma das maiores importâncias que devemos dar para sua arte são as letras. Se prestar atenção vai observar como cada canção é lapidada até se transformar na simplicidade da música. Desde o inicio da sua carreira com a influência das marchinhas, compostas juntamente com suas irmãs, e de sua primeira música séria “Canção dos Olhos”, em 1961. Até suas crônicas e livros de sucesso, que ganharam o prêmio jabuti, com “Estorvo” – 1992, “Budapeste”- 2004 e “Lite Derramado” – 2010.
            Pelo conjunto da obra e por ser um ícone da geração MPB temos a vontade de acompanhar seus trabalhos. Assim acontece com o recém-lançado CD “Chico” – 2011. Em apenas 10 faixas e 30 minutos ele traduziu momentos da sua vida, como as marchinhas, e do seu momento atual, amor, modernidade e brasilidade.
            Chico Buarque é um artista completo. Um dos mais completos e engajados do país. Suas letras refletem de maneira poética o momento em que o autor vive, momentos históricos do país ou simplesmente o modo peculiar como vê situações comum do dia a dia.

            Na música, “Rubato”, ele retoma as marchinhas, essas que faz desde os 8 anos de idade, nos remetendo a nostalgia, assim com a música “Nina”, uma valsa de ótima qualidade sonora, a melodia tranquila em que o violino dança aos ouvidos.
            Já na música “Essa Pequena”, no compasso do Blues sentimos a evolução do ritmo, ela cresce ao longo do tempo. A música remete ao atual momento do cantor, em relação ao amor de um homem mais velho e uma mulher mais jovem “...Meu tempo é curto, o tempo dela sobra; Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora..”
 Uma extensa variação musical é encontrada na música “Tipo um baião”, as alterações na musicalidade ficam gostosas de ouvir. Para quem está escutando tem a vontade de entrar profundamente no mesmo ritmo, na mesma sintonia. Ela fala sobre algumas festividades culturais brasileiras em uma história de amor.
 O samba “Barafunda” é feliz, típico carioca, não podia deixar de faltar em suas composições, letra intensa sobre lembranças confusas. Ótima musicalidade e bem ritmado. Para terminar com chave de ouro vem “Sinhá”, em parceria com João Bosco, música que escraviza, assim como a letra, rica em cultura, brasilidade e intensidade. “E assim vai se encerrar. O conto de um cantor. Com voz do pelourinho. E ares de senhor”.
            As músicas, no geral, se apresentam com muitas riquezas de instrumentos e musicalidade, em tons reflexivos e simplistas. Com seus belos arranjos, as rimas são imperfeitas e as letras, muitas vezes, possuem sentidos misturados. Ele se inclui nas músicas e as faz com grande intensidade de sentimentos. Ótimas parcerias com João Bosco, Thais Gulin e Wilson das Neves.
            Chico pode não ser unanimidade... ninguém é, mas não há como questionar o talento desse compositor, autor, interprete, escritor. Chico é muito mais que tudo isso. É também um grande incentivador da cultura brasileira... está sempre buscando se atualizar. Mas em “chico”, não se pode dizer que há novidades, mas mais do mesmo também é ótimo. Mais do chico é melhor ainda.
            

Nenhum comentário:

Postar um comentário